Construtoras são processadas por não entregar imóveis no prazo em SP
- Porque aqui em Belém somos nós os prejudicados?
Mais de 17 mil paulistas realizaram o sonho de comprar a casa própria no primeiro semestre deste ano, de acordo com Sindicato da Habitação. Entretanto, nem sempre a compra do imóvel significa sair do aluguel. O Ministério Público está processando sete construtoras que não entregaram as casas e apartamentos comprados no prazo acertado em contrato.
A professora Juliana Paschoal ainda espera a entrega do apartamento, prometido para setembro do ano passado, para poder se casar. “Quando fomos lá eles mudaram a data de entrega. Marcamos o casamento para novembro, mas agora só será entregue ano que vem. Já não posso casar mais esse ano.”
Outros 239 futuros vizinhos da professora estão na mesma situação. “Casamos dia 24 de abril e estamos esperando o apartamento e até agora nada. Estamos pagando aluguel”, contou Patrícia Gouveia, também professora.
Em todas as regiões de São Paulo é fácil encontrar ofertas tentadoras. “O que a gente percebe é que a indústria da construção civil, embora venha aumentando intensamente sua produção, não consegue acompanhar esse ritmo para honrar os prazos que ela promete na venda de seus imóveis”, explica o promotor de Justiça Paulo Sérgio Cornacchioni.
Cornacchioni quer, inclusive, eliminar dos contratos o item que permite às empresas atrasar a entrega em alguns meses. “Isso tem que acabar. É absolutamente ilegal. E a segunda coisa é o estabelecimento de uma multa para o atraso da construtora.”
No caso do analista de sistema Fernando Lemes, até existe uma multa, mas ele não consegue receber. Há um ano e meio ele espera pela casa que comprou na planta. Enquanto isso mora na casa dos pais, e os presentes de casamento ficam entulhados em um quarto. “A sensação que eu tenho quando eu vejo essa bagunça é de frustração.”
A construtora Cyrella informou que ainda não foi notificada da ação movida pelo Ministério Público. A Tenda, a Gafisa e a MRV informaram que também não foram notificadas, mas reconhecem atrasos na entrega. Elas dizem que trabalham para resolver os problemas.
A Etemp Engenharia informou que não é ilegal estabelecer um prazo de tolerância para entregar o imóvel. Já a Civic Engenharia e Construções aceitou o termo de ajuste proposto pelo Ministério Público.
A Odebrecht foi a única que não retornou o contato feito pela reportagem.